La Paz: Mercado das Bruxas

Se for a La Paz, não deixe de ir nesse lugar. Eu fui nele todos os dias e me divertia demais passeando e olhando tudo. O mercado fica no centro, na Calle das Brujas, e não é apenas uma atração turística, os locais realmente vão lá e compram o que precisam para fazer seus rituais. É bom ir com a cabeça aberta porque você vai ver fetos de lhamas pendurados, muitos doces muito coloridos e até poções de amor.

Os fetos de lhama são usados para dar sorte em construções. Você enterra um desses em um terreno e o que for construído em cima vai dar bons frutos, vai ter boa estrutura, etc. Eles são proibidos de matar lhamas, que são animais sagrados, todos esses fetos são frutos de má-formação ou partos que terminaram mal. Curiosidade: há uma lenda urbana que diz que para dar boa sorte para construções maiores, precisa de mais energia, ou seja, energia humana. Então, eles enterram vivos alcoólatras ou drogados que vivem nas ruas no terreno de construção do prédio.

Esses doces coloridos da segunda foto são para fazerem oferendas para Pachamama, a Mãe Terra. Ela ama doces e álcool, então utilizam os dois nos rituais para ela. Algumas pessoas de La Paz brindam, jogam um pouco de cerveja no chão e depois bebem. Primeiro a Pachamama, depois a gente.

Além dessas coisas menos comuns, lá tem todo tipo de lembrancinha possível. De verdade, a única coisa que não achei lá foi marcador de livro de tecido, mas tem qualquer coisa que você puder pensar. São muitas lojas mesmo. Só atenção com algumas coisinhas: lá o comércio é superinformal, ou seja, pode ser que aquela loja não abra todos os dias; faça pesquisa de preço, algumas lojas botam o preço lá em cima quando veem que é turista, principalmente se não falar bem espanhol; e conte sempre o troco, veja se as moedas são realmente pesos bolivianos, esse tipo de coisa.

Vale muito a pena, recomendo demais, foi o que mais gostei de fazer em La Paz. Não deixe de entrar nas galerias e vielas. Você acha que não vai ter nada naquela portinha e descobre várias outras lojas com coisas muito diferentes e legais.

 

La Paz: Red Cap Walking Tour

Como já contei no post sobre o mal da altitude, cheguei em La Paz e já fui fazer um walking tour. Eu estava hospedada no Loki Hostel e um dos guias do passeio foi nos chamar na recepção. Caso não ocorra isso no seu hostel, o Red Cap Walking Tour sai todos os dias da Plaza San Pedro, que é bem famosa, às 11h e 14h. No meu passeio foram dois guias, uma mulher muito legal e com um inglês ótimo e esse outro guia que foi nos chamar. Sinceramente, não entendia nada do inglês dele, preferia que ele falasse em espanhol, mas mesmo assim valeu o passeio. É ótimo já chegar fazendo walking tour porque você tem uma visão geral da cidade. Nos levaram em um mercado local, no mercado das bruxas, no Mercado Lanza, na Iglesia San Francisco, na Plaza Murillo, na sede do governo e num pub por ali.

Considero esses pontos-chave que me ajudaram muito nos meus dias por lá. O tour custa 20 pesos bolivianos com um shot de licor incluído no final. O ideal é fazer um tour de graça, mas não me incomodei de pagar porque realmente achei legal, tirando o inglês do moço. Fiquei um tempão tirando algumas dúvidas com a menina depois (a chata, né haha) e ela foi super solícita.

O que?

Red Cap Walking Tour, um walking tour na cidade de La Paz.

Quando?

Todos os dias às 11h e 14h.

Onde?

Saem da Plaza San Pedro.

Preço?

20 bolivianos + gorjeta (opcional).

Vale a pena?

Se você não conhece nada da cidade, muito. Mas acho que vale a pena mesmo que conheça, eles contam a história do lugar e diversas curiosidades.

Mais informações: http://www.redcapwalkingtours.com/en/

La Paz: visão geral

Ok, tenho que ser bem sincera, não lembro quanto tempo ao todo fiquei em La Paz porque lá foi minha base para conhecer o resto da Bolívia e alguns imprevistos fizeram com que eu ficasse mais do que esperava na cidade. Acho que eu ia ficar cinco dias e acabei ficando seis, alguma coisa assim. O imprevisto é importante para a história: tive uma infecção alimentar que me deixou de cama por dois dias e fez com que eu fizesse um total de zero passeios fora da cidade como o Vale de la Luna, Chacaltaya e Tiwanaku. A estrada da morte eu já não ia fazer porque não sei andar de bicicleta (sinto muito, não sei). De qualquer forma, eu amei a cidade e tenho algumas coisas para dividir.

La Paz é a cidade mais populosa da Bolívia e sede do governo (não é a capital, essa é Sucre), está situada a 3.660m de altitude e é estruturada em formato de bowl. Provavelmente, você vai chegar pelo aeroporto de El Alto, que é mais acima, e conseguirá ver bem esse formato: embaixo ficam os prédios e o centro e em volta, subindo pelo morros, ficam casinhas sem acabamento, o que seria uma grande favela, para nós do Rio de Janeiro. É nítida a diferença econômica entre os “dois espaços” da cidade.

Você pode tranquilamente subir e descer e ver isso tudo de perto pegando um dos teleféricos, são acho que três linhas e custa 3 pesos bolivianos cada viagem. Eu andei nas  linhas vermelha e amarela, em ambas há um mirador na estação mais alta, e foram passeios baratos e bem legais. É um transporte bem comum para os locais e é fácil puxar conversa com alguém — eles adoram estrangeiros. Recomendo subir em uma das linhas de noite, La Paz parece uma cidade rodeada de estrelas pelo seu formato, é incrível.

A cidade  é encantadora, cheia de grafites, vibrante, beeem diferente de Santa Cruz de la Sierra. Costumo dizer que Santa Cruz parece querer ser uma coisa que não é e no final acaba não sendo nada. La Paz não, ela tem uma identidade muito definida. Se eu pudesse escolher uma palavra pra ela seria cores. Muito ligada às tradições, à Mãe Terra (Pachamama) e aos rituais estranhos (para nós, que viemos de fora), é uma cidade que merece ser conhecida.

La Paz e o mal da altitude

O mal da altitude aparece quando você viaja para lugares que estão acima dos 2.800m de altitude, principalmente. Os sintomas mais comuns são diarreia, dor de cabeça, náusea, vômito,  confusão mental, aperto no peito e insônia. É coisa séria e pode acabar com a sua viagem, então siga alguns cuidados básicos. Como tenho asma, visitei um clínico geral antes de viajar e tive recomendações específicas para a viagem da Bolívia.

O medicamento mais comum para combater os sintomas do mal da altitude, ou sorojchi/soroche (pronuncia sorôxi), como eles chamam por lá, é a sorojchi pill, que você encontra em qualquer farmácia da Bolívia e do Peru. Os comprimidos são daqueles mais longuinhos, metade brancos e metade vermelhos, e custam 3,60 pesos bolivianos por comprimido. Você pode pedir quantos quiser, na Bolívia eles podem cortar as cartelas e te dar um comprimido só, se for o caso. A composição é de Ácido Acetilsalicílico 325 mg, Salófeno 160 mg e Cafeína 15 mg. Atenção para se você tem alguma alergia a esses componentes e também às contraindicações. Como todo remédio, é importante se certificar de que pode tomar, por mais que seja comum.

As recomendações que recebi dos meus amigos bolivianos foram: tome uma sorojchi pill na manhã da viagem (ok), beba chá de coca quando chegar, fique mais ou menos uma hora deitada antes de sair do hotel  e não beba no primeiro dia. Tirando o primeiro item, fiz tudo errado: cheguei, fui pra um walking tour, não bebi chá de nada e ainda bebi rios de cerveja de noite.

Dei sorte. Não tive problema nenhum com a altitude em La Paz, além de taquicardia e respiração acelerada depois de subir as ladeiras da cidade, coisa que qualquer ser humano vai ter. Meu conselho é respeitar seu tempo e passar vergonha de peito aberto. Eu andava uma quadra, sentava no chão, bebia meia garrafinha de água até conseguir andar de novo. Vão olhar pra sua cara, apenas sorria e continue seu processo de recuperação.

Para não dizer que tudo foi perfeito nesse campo, lá pelo meu décimo dia de mochilão, na minha última noite no Salar de Uyuni, eu senti o que a altitude pode fazer com alguém. Estávamos a 5000m, em uma acomodação sem energia elétrica e estava -10ºC lá fora. Acho que foi uma junção da altura, do frio bizarro e eu estar sozinha lá, mas comecei realmente a ter problemas. A altitude dá muita sede, eu bebia muita água e, com a água, vinha a vontade de ir ao banheiro. Eu ia ao banheiro vinte vezes por dia em La Paz, mas no deserto era mais complicado, então passei a beber menos água, isso pode ter influenciado também. O fato é que comecei a ter uma sensação horrível de peso no peito, que era potencializada pela quantidade de roupas e cobertores para tentar segurar o frio. O próximo capítulo foi pior ainda. Tive que ir ao banheiro e nada do que eu estava vendo parecia realidade, comecei a duvidar de mim quando voltei para a cama, não tinha certeza de que tinha ido ao banheiro, apesar de me corrigir segundos depois. Foi horrível, a pior noite da minha vida.

Minha dica é: não vá paranoico, tome a sorojchi pill nos primeiros dias e não deixe de tomar chá de coca. Lá pelo terceiro dia, eu ignorei totalmente que estava na altitude por estar tão confortável e acho que isso foi um erro. A maioria dos hostels oferece chá de coca de graça, também é possível comprar saquinhos de folha de coca na rua por 5 pesos. A folha é mais eficaz, funciona mesmo. E respeite seu limite. Já li histórias de pessoas que se deram muito mal com a altitude. Vá com calma até ver como seu corpo reage e boa viagem! :)

Editado: uma amiga da minha mãe, que é médica, leu o post e deu algumas informações que eu não tinha. O Ácido Acetilsalicílico pode mascarar a dengue, que também é comum na Bolívia. Atenção com isso. As sorojchi pills não podem ser tomadas por quem tem hipertensão.

Bolívia – Visa Travel Money ou Mastercard?

Antes de viajar, procurei muito essa informação e não achei, mas decidi arriscar o Visa Travel Money e foi a melhor coisa que eu fiz.

Fiz o meu cartão numa agência do Banco do Brasil, banco do qual sou correntista, não sei como funciona em outros bancos, mas acredito que seja fácil também. Você paga uma taxa pelo cartão e depois vai botando dinheiro. É bom porque o câmbio não flutua, uma vez que o dinheiro tá lá, você não paga mais nada (tem uma taxa de saque só). Isso foi bom pra mim porque botei todo o dinheiro que precisava quando o dólar estava R$3,50 e quando viajei já estava R$4,00. Fora o câmbio, eu ia morar dois meses na Bolívia, não podia arriscar levar tudo em papel, né?

Para tirar o dinheiro foi bem fácil, vários caixas eletrônicos, inclusive 24hrs, em toda a Bolívia têm as bandeiras Visa/Plus. Eu sempre sacava em bolivianos no Banco Bisa (simplesmente porque fui com a cara do banco) e em dólar no Andes, é um vermelho. O negócio é que não tem dólar em todo caixa, eu tinha que ir no shopping para sacar. Mas, de modo geral, o VTM me serviu muito bem, não me deixou na mão em momento nenhum e foi bem fácil utilizar na Bolívia.

Por outro lado, diversos amigos tiveram problemas com cartões Mastercard. Não sei exatamente o motivo, mas amigos de grupos e países diferentes não conseguiram sacar em certos momentos e tinham que ficar testando vários caixas até que um aceitasse o cartão. Por esse motivo, recomendo ir para a Bolívia com cartões Visa. Mais ainda, Visa Travel Money, com o qual você pode sacar. Quase tudo na Bolívia é feito em dinheiro, até os hostels em que fiquei só aceitavam dinheiro, boliviano ou dólar. Vale a pena levar cartão de crédito para emergências, mas nem assim acho que seja fácil usar, o meu ficou guardado a viagem toda.

Bolívia – Comidas e bebidas

Sou péssima para experimentar comidas novas e isso me atrapalha em toda viagem. Como passei dois meses na Bolívia, não consegui fugir de algumas coisas e divido com vocês:

  • Empanadas: são nossos pastéis, sucesso certo. Só falta o matte limão.
  • Cuñape: um dos responsáveis pelos meus 2 kgs a mais na viagem. É uma espécie de pão de queijo, mas é meio diferente. Recomendo super, é barato e muitcho bom.
  • Asadito: é um hambúrguer muito gorduroso com aipim cozido. Eu não gosto muito de comida muito gordurosa e odeio aipim frito. Não era ruim, mas também não era bom, entendem?
  • Falso conejo: não sei exatamente o que é e acho que prefiro continuar assim, mas é gostoso. Parece um bife à milanesa com molho de tomate.
  • Arroz con leche: nossa, detestei isso, é arroz batido com leite. No início, achei que com um pouco de amor no coração podia ser arroz à piamontese, mas no final da viagem eu já ficava enjoada só de olhar aquela papa.
  •  Locro: é uma sopa, uma espécie de canja. Me salvou diversas vezes, tenho um carinho especial por esse prato.
  • Sopa de quinoa/linhaça: o nome já diz tudo. Era uma água turva, não tive coragem, mas botei na lista porque alguns amigos gostaram.
  • Sopa de maní: ok, essa não é tão óbvia. Maní é amendoim, é uma sopa de amendoim. Por mais estranho que pareça, é bem gostosa, experimente. Pode ser que venha com umas batatas fritas boiando, é normal.
  • Majadito: a versão boliviana de arroz de carreteiro. É arroz com charque e um molho, gostoso.

Imagens ilustrativas, na ordem:

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  • Mocochinchi: mais um da série “prefiro não saber o que é exatamente”. É um suco e tem um pêssego dentro do copo. É bom gelado.
  • Suco de lima: bebi isso algumas vezes e passeia a tolerar por força do hábito, mas tinha gosto de desinfetante. Ou pelo menos o gosto que desinfetante parece ter pelo cheiro.
  • Refrigerante de mamão: tem da Fanta e de uma marca local. Tem gosto de groselha, sinceramente. Eu adorei porque amo groselha.
  • Fernet branca: é A bebida das festas bolivianas, é com isso que você faz pré e também é isso que todo mundo bebe nas boates, sempre misturada com coca-cola. Eu odeio Fernet Branca, tem gosto do meu remédio de inflamação de garganta, o hexomedine.
  • Fernet menta: já gosto mais, parece um licro de menta. Servem com sprite.
  • Cerveja: não sou uma grande apreciadora de cerveja e muito menos conheço pra falar alguma coisa, mas eu bebia sempre a Paceña e a Huari. Eram bem gostosas para os meus padrões. Mas eles têm uma péssima mania de achar a cerveja gelada quando ela está quente rs.

Imagens ilustrativas, na ordem (só não consegui do suco de lima, não parecia com a limonada que o google tá me dando):

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ALGUMAS DICAS QUE EU GOSTARIA DE TER RECEBIDO 

  • Se o prato é de frango, você pode pedir que parte quer. Por exemplo, se vai comer numa pensão e o prato é pollo al horno ou pollo a la parrilla (frango assado ou frango na brasa), você pode pedir o peito ou a coxa, enfim, o que você preferir.
  • Sempre que pedir arroz, se certifique de que é “sin leche” (sem leite). Isso, claro, se você não gostar desse arroz.
  • Se só tiver Fernet Branca pra beber e você não suportar, pede para misturarem só um dedinho com coca. Fica tolerável.
  • Os bolivianos fazem umas misturas estranhas, tipo vinho branco e guaraná e vinho tinto com coca-cola. Muito pouca gente bebe vinho puro lá.
  • Se for pedir uma cerveja, pede pra ver se tá gelada, não confia muito no que estão te dizendo.
  • Coca-cola é A bebida da Bolívia, todo mundo ama e bebe aos montes. Eu mal bebo coca-cola aqui no Brasil, mas lá às vezes só tem coca pra vender, não vende nem água no restaurante haha.
  • A minha água preferida lá e a Vital, que é da coca-cola. Tem outras, mas eu achei o gosto estranho, preferi pagar 1bs a mais para não ficar estranhando o gosto toda vez que eu fosse beber água.

* Todas as fotos foram retiradas do Google.